domingo, 28 de setembro de 2008

Ciclo árvores e poesia - IV


Árvore, cujo pomo, belo e brando

Árvore, cujo pomo, belo e brando,
natureza de leite e sangue pinta,
onde a pureza, de vergonha tinta,
está virgíneas faces imitando;
...
nunca da ira e do vento, que arrancando
os troncos vão, o teu injúria sinta;
nem por malícia de ar te seja extinta
a cor, que está teu fruito debuxando.
...
Que pois me emprestas doce e idóneo abrigo
a meu contentamento, e favoreces
com teu suave cheiro minha glória,

se não te celebrar como mereces,
cantando-te, sequer farei contigo
doce, nos casos tristes, a memória.

Luís Vaz de Camões

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

As fantásticas Ilhas Faröe

As Faröe (Foroyar = ilhas das ovelhas) são um arquipélago de 18 ilhas montanhosas, de vegetação rasteira e falésias selvagens, entre a Escócia e a Islândia; pertencem ao reino da Dinamarca mas têem autonomia legislativa, sobretudo na economia..

Escolheram não ser parte da União Europeia, mas organizam a sua economia de pesca em articulação com a Gronelândia e a Dinamarca.

Com uma população de 48500 numa área de 1700 Km 2 (mais que a Madeira, menos que os Açores), estão agora a ser descobertas por viajantes e turistas: a sua beleza agreste, estranha e arrepiante, sugestiva de um mundo de fantasia, é propícia ao isolamento, à frugalidade e à contemplação. Mas sendo uma região da Dinamarca tem evidentemente um excelente nível de vida, com acesso a serviços e comodidades normais na Europa.

As minúsculas aldeias de casinhas coloridas cobertas de relva, as lindíssimas capelas localizadas em sítios fabulosos, as quedas de água invulgares, as falésias e rochedos de formas peculiares, as inacreditáveis estradas serpenteando por fiordes, túneis, pontes, vales e arribas sobre o mar, são os atractivos maiores desse bocado de terra ainda mal conhecido.

http://www.faroeislands.dk/pages/index.htm

http://www.exploringfaroes.com/

http://www.faroeislands.com/

domingo, 21 de setembro de 2008

O cafezinho



Aprecio um bom café, sobretudo pela manhã ou no fim do almoço; é um desconsolo descobrir na chávena uma coisa sem espuma nem gosto, morna ou azeda, ou com aquele sabor a queimado das misturas fracas ou aldrabadas.

Aos poucos fui criando hábitos de marca e de local. Não há dúvida que os melhores cafés do mundo são em Itália. Apetece tomá-los em catadupa, comparar sabores... mas atenção: há umas 20 ou mais designações, que são difíceis para um estrangeiro. Correspondem, por exemplo, ao nosso café curto, normal, comprido, cheio, com muita ou pouca espuma, com cheirinho, com natas, em chávena grande (americano), duplo, forte, fraco... um inferno para quem só conheça copos de plástico e Starbucks.

A seguir a Itália, arrisco afirmar que Portugal é o 2º melhor sítio para tomar um bom café. Muito à frente de Espanha ou França (claro que me refiro a locais públicos normais, e não a cafetarias selectas de hotel ou sala de concerto...). Também, como se depreende da lista anterior, não faltam cá variações no modo café. A minha preferida é o requinte sádico do café a 3/4 , mas ainda há o compridinho, o quase cheio...

Mesmo assim, o fracasso ainda é imprevisível e grandemente provável. Por isso um primeiro critério passa pela marca do café. Aqui vai o meu Top das marcas de café, sendo que só os níveis 1 e 2 dão alguma garantia prévia:

O meu Top de marcas de café:

1 - Delta Diamante

.....Musetti
.....Lavazza
.....Bogani

2 - Delta Ruby
.....Illy

.....Nicola

3 - Christina

.....Sical
.....Buondi
.....Segafredo

4 - 
Sanzala

Desclassificados : Torrié, Camelo, Bicafé, Candelas


Mais do que o vinho ou a cerveja, o prazer de tomar café depende do modo como é servido na chávena. Não hesito em protestar que um café está mal tirado, ou não está como o pedi. Devia ser criado o hábito de aplauso ou pateada. a ver se se generalizava um grau mínimo de exigência...

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

O REIZINHO



Um cartoon que saía no Primeiro de Janeiro dos domingos, nos anos 60, da autoria de Otto Soglow (23/12/1900 - 1975, USA).

"The Little King" foi a personagem que o tornou mais conhecido, tendo sido publicado regularmente como tira em jornais americanos e europeus.

Ciclo árvores e poesia - III


Tree at my window

Tree at my window, window tree,
My sash is lowered when night comes on;
But let there never be curtain drawn
Between you and me.

Vague dream-head lifted out of the ground,
And thing next most diffuse to cloud,
Not all your light tongues talking aloud
Could be profound.

But tree, I have seen you taken and tossed,
And if you have seen me when I slept,
You have seen me when I was taken and swept
And all but lost.

That day she put our heads together,
Fate had her imagination about her,
Your head so much concerned with outer,
Mine with inner, weather.

Robert Frost

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Ler e Reler: O castelo dos Cárpatos


O CASTELO DOS CÁRPATOS
Jules Verne
(sem tradução portuguesa)

Perto de Werst, na Transilvânia, o castelo dos Cárpatos está abandonado; circulam fantasias e boatos delirantes. Um dia o guarda florestal Nic Deck e o doutor Patak partem para tirar a limpo o que lá se passa, e são surpreendidos por fenómenos estranhos. Mais tarde, o conde Franz de Telek , em viagem de luto pela região, decide visitar o castelo. E o que descobre é que, afinal...

Um conto modelar, talvez o seu melhor, em que Jules Verne faz prova de mestre da literatura fantástica. Com a gostosa mais valia da referência inesperada ao ambiente musical - operático - da época.


O que estou a ouvir :



Beethoven / Mendelssohn: Violin Concertos


Para além da excelente gravação, com uma sonoridade soberba: o rigor e a perfeição sem mácula da Mullova (falta paixão? talvez...) e a direcção fabulosa de Gardiner, no seu melhor, com uma precisão, impacto e capacidade de renovação interpretativa irresistíveis, mesmo se polémicas - aqui e ali há decepções, mas no global a leitura é uma primeira escolha.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Ciclo Árvores e Poesia - II



As árvores e os livros

As árvores como os livros têm folhas
e margens lisas ou recortadas,
e capas (isto é copas) e capítulos
de flores e letras de oiro nas lombadas.

E são histórias de reis, histórias de fadas,
as mais fantásticas aventuras,
que se podem ler nas suas páginas,
no pecíolo, no limbo, nas nervuras.

As florestas são imensas bibliotecas,
e até há florestas especializadas,
com faias, bétulas e um letreiro
a dizer: «Floresta das zonas temperadas».

É evidente que não podes plantar
no teu quarto, plátanos ou azinheiras.
Para começar a construir uma biblioteca,
basta um vaso de sardinheiras.

Jorge Sousa Braga

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

LHC - o universo dentro de um tubo

O primeiro feixe de protões a completar uma volta no acelerador LHC
(Grande Colisor de Hadrons)

Às 10:25 locais a ignorância e o obscurantismo levaram mais uma valente pedrada : após cerca de 55m de viagem, os raios de protões deram a volta aos 27 Km do tubo do acelerador, no seu primeiro teste.

O próximos passos trarão novos dados sobre o início do Universo, porque o LHC “simplesmente” recria as condições que existiam milionésimas de segundos depois do Big Bang.
.
http://lhc.web.cern.ch/lhc/
http://www.lhc.ac.uk/

slideshow http://www.slideshare.net/CMP/el-gran-colisionador-de-hadrones-lhc-cmp-presentation/

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Ciclo Árvores e Poesia - I



Cada árvore é um ser para ser em nós
Para ver uma árvore não basta vê-la
a árvore é uma lenta reverência
uma presença reminiscente
uma habitação perdida
e encontrada.
À sombra de uma árvore
o tempo já não é o tempo
mas a magia de um instante
que começa sem fim
a árvore apazigua-nos com a sua atmosfera de folhas
e de sombras interiores
nós habitamos a árvore com a nossa respiração
com a da árvore
com a árvore nós partilhamos o mundo com os deuses

António Ramos Rosa

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Ainda a Gronelândia


Fiz este slideshow para conhecer melhor esse país imenso e quase vazio, feito de infinitos, de silêncios, da "última" beleza - a do gelo imenso.

domingo, 7 de setembro de 2008

O rosto com que fita é Portugal ?




A Europa jaz, posta nos cotovelos:
De Oriente a Ocidente jaz, fitando,
E toldam-lhe românticos cabelos
Olhos gregos, lembrando.

O cotovelo esquerdo é recuado;
O direito é em ângulo disposto.
Aquele diz Itália onde é pousado;
Este diz Inglaterra onde, afastado,


A mão sustenta, em que se apoia o rosto.
Fita, com olhar esfíngico e fatal,
O Ocidente, futuro do passado.

O rosto com que fita é Portugal.

Fernando Pessoa


- O rosto da Europa (já) não é Portugal.


sábado, 6 de setembro de 2008

INFINITOS

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"O número de páginas deste livro é exactamente infinito. Nenhuma é a primeira, nenhuma a última.(...) Se o espaço é infinito, estamos em qualquer ponto do espaço; se o tempo é infinito, estamos em qualquer ponto do tempo"

J. L. Borges, O Livro de Areia
.


Vista do Evereste. .

William Blake (Inglaterra, 1757-1827)

AUGURIES OF INNOCENCE

To see a World in a Grain of Sand
And a Heaven in a Wild Flower,
Hold Infinity in the palm of your hand
And Eternity in an hour.


AUGÚRIO DE INOCÊNCIA

Num grão de areia o mundo inteiro ver
E numa flor do campo o firmamento -
Todo o Infinito em tua mão conter
E ter a Eternidade num momento.

tradução de Jorge de Sena

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Story Teller, de Marta Hugon


Já ouviram Marta Hugon ?

O quarteto de Marta Hugon:


Storyteller


"um álbum que naturalmente passará a impor-se no panorama actual do jazz cantado português…”
Manuel Jorge Veloso, 2008




http://www.martahugon.com/

NUUK !



A profissão de sonho?
Adido cultural em Nuuk
(capital da Gronelândia).






Tem 15000 habitantes...
e tem tudo o que Portugal não tem: icebergs, glaciares, fiordes, lagos de água quente, e o povo mais pacífico e sedento de cultura que se possa imaginar.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008