quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Bartoli como eu gosto...

Semele é uma dessas magníficas e pouco conhecidas semi-óperas de Haendel. Nesta ária, Cecília Bartoli consegue o seu melhor - contenção, flexibilidade, pureza de tom, e nada de malabarismos. Fantástica !

O sleep, why dost thou leave me,
Why thy visionary joys remove?
O sleep, again deceive me,
To my arms restore my wand'ring love!


Semele de Haendel, Zürich 2007. Dirige William Christie.




Só para comparar:

Montserrat Caballe é completamente outra coisa... Não é Haendel ? Pois não, mas que voz, que respiração e fluidez, que graves, que agudos ! Ouvi-la assim deve ter sido uma experiência transcendente. Outros tempos. Só o sotaque é que, enfim...



Como fazer tudo mal? "à americana", claro(*). Se quiserem sofrer um bocado ou adormecer de tédio,

Maestro Robert W. Butts, The Baroque Orchestra of New Jersey, 2008, soprano Marjorie Berg (credo, que pavor!)



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domingo, 25 de outubro de 2009

"O que falta aqui é cimento!"

Trailer do documentário "Pare, Escute, Olhe" de Jorge Pelicano, sobre a defesa da linha ferroviária do Tua em Trás-os-Montes.




O que falta neste país é tapá-lo com cimento. Está quase.

o nobel que temos


Portento
Quezilento

Fraudulento
Argumento

Cimento
Ferrugento

Talento
sem acento

Vento
sem alento


[ NB: sou hereje de todas as igrejas e de todos os partidos]

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A mais bela de todas as óperas

Não, não vou pôr aqui à votação a melhor ópera de sempre - deixo isso a cargo do Fernando Vasconcelos.

Isto é só um panfleto apaixonado. Há 4 óperas que se puder nunca perco, que me enchem de beata felicidade melómana e teatral, que ouço e canto frequentemente em casa ( e no banho...) , que ponho nos píncaros das melhores obras da humanidade, e são: a Flauta Mágica, o Fidelio, os Mestres Cantores e o Guilherme Tell. Sem desprimor para mais uma dúzia de outras excelentes óperas.

Todas estas quatro são "sérias" , com um libretto suficientemente rico e complexo, personagens fascinantes, situações comoventes e música absolutamente divinal.

Mesmo assim, das três, uma sobressai para mim como a obra prima suprema: o Guilherme Tell (1828, tinha Rossini 36 anos). Poucas vezes interpretado nos nossos dias, talvez devido a particulares dificuldades de canto e encenação, e de encontrar o ritmo certo para não tornar pesadas as 3 a 5h que demora (conforme os cortes...), o Guilherme Tell é de uma enormidade genial . A narrativa (libretto baseado no poema dramático 'Wilhelm Tell' de Schiller) prende, as árias desencadeiam fortes sentimentos, da lágrima à expectativa receosa, à indignação e ao contentamento, o enredo progride para um belo clímax final. A música flui de forma avassaladora como em nenhuma outra ópera - imaginativa, comovedora e contrastada mas estilisticamente coerente e organizada por motivos recorrentes.

O herói Tell nem sequer é o personagem principal - é a Suíça. A simpatia de Rossini pelo pequeno país em luta pela liberdade é tocante, todo o oposto do chauvinismo; alguma vez Rossini compôs uma ópera de glorificação a Itália? e já agora, alguma vez a ópera foi representada em Áustria?

O acto II é particularmente bem conseguido: progressão dramática, deslumbramento da melodia, beleza do canto.

Nenhum dos papéis é mal tratado do ponto de vista lírico - para todos há boas árias. Não há um contraste excessivo recitativo / ária (aliás como no Fidelio e na Flauta), garantindo-se uma razoável continuidade da acção cantada. O final é uma página prodigiosa da arte de composição, como Wagner reconheceu.

É um bocado pesadona ? É, mas cabe a quem dirige, canta e encena ultrapassar o problema. Soa melhor em francês que em italiano? Verdade, foi composta em França, Rossini escreveu a música de forma a casá-la bem com a sonoridade mais suave do francês. A tradução para italiano é difícil e mais agreste.

De qualque modo, a sensação no final é a de se ter assistido a um fenomenal épico, coadjuvado por fenomenal invenção musical. Pede-se silêncio e um longo descanso antes de sair da sala!

Consegui ver Guillaumes e Guglielmos, um bem fraco, em Pesaro, um bem bom, em Lisboa, um excelente no ROH Covent Garden 1990.

Gravações:

Merritt e Gedda foram inigualáveis no papel de Arnoldo (tenor), o mais difícil, que precisa de agudos e sobreagudos certeiros, ágeis, cristalinos, poderosos. Já deu cabo de muitas vozes - daí o receio de alguns tenores. Diego Florez é o melhor que temos hoje, por enquanto.

Inacreditavelmente, não há uma única versão inteiramente satisfatória de ponto de vista da direcção musical. Gardelli é antiquadamente pesado e desajeitado mas tem o melhor elenco, Gedda e Caballe; Mutti é obviamente mau ao longo de 5h e quase estraga a benesse de contar com Merritt; Chailly é o melhor, mas em italiano, com Pavarotti em alta... mas o resto do cast não ajuda muito. Enfim, tem que se ouvir as três...

Algumas escolhas no Tube:

Asile Hereditaire, Chris Merritt


"Selva opaca, deserta brughiera", Mirella Freni


Sur la rive étrangère Caballe / Gedda


O Finale com Thomas Hampson, Marcello Giordani, Hasmik Papian , Opera Bastille 2003



Por estranho que pareça, o Guilherme Tell nunca deu uma ópera perfeita - dá o desejo sempre adiadao da ópera perfeita. Do que podia ser, se...
Deve ser isso o que mais me fascina.

Donizetti dizia que Rossini fizera o resto do Tell, mas o 2º acto tinha sido feito por Deus!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Voltar às origens, ou - ainda gosta de trepar às árvores ?



Ter uma cabana numa árvore: um devaneio que se torna cada vez mais real para muita gente. Nuns casos é só um brinquedo caro, noutros é para ajudar o ambiente, ou ainda uma necessidade criada pela tradição.



Algumas cabanas são tão bem feitas e cuidadas nos detalhes que rivalizam com as casas "normais". A qualidade artística e a inovação conseguem maravilhas arquitectónicas. Estão por toda a parte, dos arredores de Nova Iorque até a toda a Europa, ou às florestas tropicais da Costa Rica.





O design moderno permite instalar as cabinas sem pregar um único prego na árvore, nem quebrar um único ramo. O estilo varia, desde o conforto refinado em materiais novos amigos do ambiente até ao rústico simples em madeira, do funcional ao fantasioso, do sustentável ao estranho, do espaço residencial ao espaço de meditação, e do preço em conta até ao fabulosamente caro...



Claro que há quem viva em cabanas tradicionais porque essa é a tradição e o estilo de vida desde há várias gerações. Nas florestas indonésias da Papua, as tribos foram aos pucos criando refúgios nas árvores para escapar às pestes, e uns aos outros. Agora as cabanas sobem árvores acima, até mais de 30 metros!


Várias companhias oferecem modelos para quem quer privacidade, natureza e ecologia em áreas preservadas. "La Cabane Perchée" publicou um livro/catálogo lindíssimo, "Cabanes perchées", com exemplos de cabanas construidas em vários pontos do mundo.



Para já ainda não tenho uma :( mas já ofereci o livro - é um para a vista, já tenho prendas para dar no Natal...


sábado, 17 de outubro de 2009

Mendelssohn, na esteira de Bach

Uma bela página da oratória Paulus de Mendelssohn, o coral Wie lieblich sind die Boten :

Wie lieblich sind die Boten
die den Friende verkundigen.

In alle lande istausgegengen ihr Schall
und in alle Welt ihre Worte.

Deutsche Kammerphilharmonie Bremen, Kammerchor Stuttgart
Frieder Bernius



Como são amáveis os mensageiros
que a paz veem proclamar

A todas as nações chegam as suas palavras
a todas as terras as suas alegres notícias


O Paulus, composto em 1835-36, é raramente executado na íntegra; a influência das oratórias de Bach e Handel é notória, sobretudo de Bach nos corais - não é por acaso que foi Mendelssohn o responsável pelo reconhecimento mundial da "Paixão segundo S Mateus", que várias vezes dirigiu. Além da célebre ária "Jerusalem" já focada neste blog, o melhor do Paulus são os corais como este.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A cultura de amanhã: tudo à mão, nada na cabeça


Não resisto a citar, em adaptação minha, um magnífico textozinho de PHILIPPE BOUVARD no Figaro:

"Todo o avanço tecnológico colectivo é acompanhado de um recuo cultural individual"

Os recursos informáticos multiplicam-se de tal maneira que mesmo antes da chegada da inteligência artificial já podemos imaginar o erudito do séc XXI: formado em letras (do teclado), terá à disposição todos os dicionários impressos desde Gutemberg , mas ele próprio não escreverá nada a não ser mensagens em texto . Sem conhecer a tabuada, levará décimas de segundo para extrair a raiz quadrada de um número com 17 algarismos. Sem nunca ter ouvido falar de Napoleão, citará facilmente os títulos de 50 000 obras que lhe foram dedicadas.

Tudo em virtude do “postulado de Google” segundo o qual todo o avanço tecnológico colectivo é acompanhado de um recuo cultural individual. O nosso erudito não será detentor de nenhum saber mas terá todas as disciplinas ao seu alcance. Poderá descobrir as torpezas do género humano pela tele-realidade [reality shows], o seu local de emprego será em casa graças ao tele-trabalho e, sempre sem sair, poderá perder o dinheiro que acabou de ganhar nos jogos online, poderá ter ligações virtuais e muitas amizades com milhares de amigos com quem nunca se encontrará, e só se deslocará de carro em férias num modelo ecológico à base de água de lavagem dos legumes biológicos, e até poderá continuar a devanear no banco de trás devido à condução programada do destino em carris electromagnéticos.

Consultará pela net o seu guru de referência em Nova Deli, será operado à distância por um cirurgião de Nova Iorque, dialogará por visiofone com o merceeiro da esquina. Terminará os seus estudos (sudoku e sânscrito) aos 35 anos, indo para a reforma aos 50, depois de avisado pelo GPS medico-sanitário de uma desregulação dos órgãos onde tinha implantado minicaptores.

Ocupará o meio século que lhe resta a ir verificar aos 4 cantos do planeta que afinal os panoramas até são iguais aos que começara a descobrir desde a infância no écrã , no Flickr e no Picasa. Ora!

Philippe Bouvard
Figaro, 02/10/2009

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A nossa vizinha


Não é Espanha, não; a nossa vizinha cósmica, M31 Andrómeda, magnífica e inspiradora como nunca, em ultra-violeta. Arte com técnica, bendita técnica, que nos permite contemplar tamanha beleza.

Fonte: NASA, aqui.

A ilustrar, "Andromeda heights" dos saudosos Prefab Sprout:

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Um café no Alasca

Homer, no Alasca, é uma povoaçãozita muito pitoresca rodeada de mar, montanhas, glaciares, vulcões, e situada numa zona onde se sente ainda a antiga presença russa - igrejas ortodoxas, trajes e rituais russos.


Homer tem ainda uma curiosidade geológica - o Homer Spit , uma língua de terra de 7 km mar adentro, onde se encontra um espantoso centro comercial ao ar livre : coloridas cabinas de madeira albergam desde restaurantes de peixe e marisco (muitos ) a pequenas lojas de artesão e artistas (alguns deles antigos hippies que ali estabeleceram uma comunidade nos anos 60), passando por padarias, vários cafés, pensões um famoso saloon !

Mas este é o Café Cups:












Nas minhas viagens online, descobri este magnífico café/restaurante, do casal Jen & Dave. De decoração delirante, inspirada no imaginário de Carroll da Alice in Wonderland. Deve ser um gosto ir lá saborear um chavenazita frente à baía, às montanhas e glaciares...



domingo, 11 de outubro de 2009

Belo Vibrato

Quando está de acordo com as notas do compositor, e a voz é límpida e capaz, o vibrato pode adicionar valia à música, como aqui fica documentado.

A ária é "Angels! Ever bright and fair" da Theodora de Haendel; escolhi propositadamente uma obra barroca - seria fácil demais com Rossini ou Wagner; primeiro, canta Dawn Upshaw.

Angels! Ever bright and fair,
Take, oh take me to your care.
Speed to your own courts my flight
clad in robes of virgin white

Recitative and aria "Oh, worse than death indeed!Angels, ever bright and fair"
Dawn Upshaw, Glyndebourne, Dir. Wlliam Christie


Agora, uma voz de outra era: Isobel Baillie, soprano escocesa admirada pela seu timbre cristalino - deu mais de 1000 récitas do Messias! E gravou o Requiem de Brahms com ... Toscanini!

Isobel Baillie, grav. 1928 - Angels Ever Bright and Fair

A mesma ária cantada por Lorraine Hunt vai bem mais longe que qualquer destas, e para mim é uma das poucas vezes em que a perfeição absoluta foi conseguida pelo canto da voz humana. O seu vibrato também é imaculadamente belo e elegante. Crime não conhecer.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Colheita de Outono

Abóboras, maçãs, castanhas, uvas...


Autumn

Laden Autumn here I stand
Worn of heart, and weak of hand:
Nought but rest seems good to me,
Speak the word that sets me free

William Morris

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Histórias curtas I - Júlio Cortazar

Instruções para subir uma escada
de "Historias de Cronopios y de Famas"

"Ninguém terá deixado de observar que frequentemente o chão se dobra de maneira que uma parte sobe em ângulo recto com o plano do chão, e logo a parte seguinte se coloca paralela a este plano, para dar lugar a uma nova perpendicular, comportamento que se repete em espiral ou em linha quebrada até alturas extremamente variáveis.

Abaixando-se e pondo a mão esquerda numa das partes verticais, e a direita na horizontal correspondente, fica-se na posse momentânea de um degrau ou escalão. Cada um desses degraus, formados, como se vê, por dois elementos, situa-se um pouco mais acima e mais adiante do anterior, princípio que dá sentido à escada, já que qualquer outra combinação produziria formas talvez mais bonitas ou pitorescas, mas incapazes de transportar as pessoas de um rés-do-chão ao primeiro andar.

As escadas sobem-se de frente, pois de costas ou de lado tornam-se particularmente incómodas. A atitude natural consiste em manter-se em pé, os braços dependurados sem esforço, a cabeça erguida, embora não tanto que os olhos deixem de ver os degraus imediatamente superiores ao que se está pisando, e respirando lenta e regularmente.

Para subir uma escada começa-se por levantar aquela parte do corpo situada em baixo à direita, quase sempre envolvida em couro ou camurça, e que salvo algumas excepções cabe exactamente no degrau. Colocando no primeiro degrau essa parte, que para simplificar chamaremos de pé, recolhe-se a parte correspondente do lado esquerdo (também chamada pé, mas que não se deve confundir com o pé já mencionado), e levando-se à altura do pé faz-se seguir até colocá-la no segundo degrau, e assim neste descansará o pé, e no primeiro descansará o pé. (Os primeiros degraus são sempre os mais difíceis, até se adquirir a coordenação necessária. A coincidência de nomes entre o pé e o pé torna difícil a explicação. Deve-se ter um cuidado especial em não levantar ao mesmo tempo o pé e o pé.).

Chegando dessa maneira ao segundo degrau, basta repetir alternadamente os movimentos até chegar ao fim da escada. Pode-se sair dela com facilidade, com um ligeiro golpe de calcanhar que a fixa no seu lugar, do qual não se moverá até o momento da descida. "

Julio Cortazar nasceu em Bruxelas em 1914 de pais argentinos. Aos 4 anos foi para Buenos Aires, onde estudou. Em 1951, aos 37 anos, Cortázar, por não concordar com a ditadura na Argentina, partiu para Paris, onde se instalou definitivamente.

Amigo de Jorge Luís Borges e Bioy Casares, escreveu como eles contos fantásticos quase perfeitos.

domingo, 4 de outubro de 2009

sábado, 3 de outubro de 2009

Mais Steiner, e ainda Leibniz, Stockhausen...


Citações da Errata de Steiner, para tornar mais claro o que me faz discordar dele:

"É um lugar comum dizer que a música partilha com o amor e com a morte o mistério daquilo que é evidente" (self-evident).

"A música e a dança são em si mesmas movimentos e figurações primordiais do espírito humano que anunciam uma ordem de existência mais próxima do mistério da criação do que a linguagem"

"Uma caixa de música envernizada, uma tripa de gato ou um arame, um martelo com ponta de feltro, a inflexão do pulso do intérprete, a vibração das cordas vocais geram ondas cujas curvas e função algébrica podemos, efectivamente traçar, mas cujos "significantes", cujo poder de transformar os estados físicos e psíquicos, não podemos explicar. Pelo que suponho serem forças fundamentalmente "des"-humanas. "

G. Steiner, Errata, cap. Seis

Leibniz afirmava "Quando Ele canta para Si, a álgebra é a música de Deus"

Penso que esta citação de Lebniz, ao contrário do que Steiner infere, contradiz a sua tese: Leibniz não diz que " a música é a álgebra de Deus", o que poderia levar à superioridade da música sobre a álgebra, mas o contrário, ou seja, a inteligência, a suprema racionalidade, o "logos", são a música de Deus - Nele, a música "ascende" ao conhecimento universal.

Nem Leibniz, nem Steiner: a música é profundamente humana ( e não "des"-humana, seja isso o que fôr) e como tal intrinsecamente lógica e discursiva; contràriamente a Stockhausen, que Steiner também cita, estou profundamente convicto de que se a humanidade desaparecesse, com ela desaparecia também a música - que não é nenhuma espiritualidade imanente ao Universo ou à esfera do Divino.

O amor e a morte pertencem a outra dimensão, não lógica, não inteligível, irracional; não têem nada de criação humana, como factos imanentes ao universo, fora do nosso alcance criativo ou compreensivo; apenas criamos o conceito.

A música, pelo contrário, surgiu com o Homem - a menos que consideremos música o canto do pássaro - por ele foi construída emocional e racionalmente, teorizada, historicamente desenvolvida...e sem ele morrerá.

Mário

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Dia da Música - Tema para debate


É ou não possível argumentar em favor (ou contra) uma obra musical?

A nossa linguagem tem, ou não, riqueza e capacidade suficiente para construir um discurso racional e probatório sobre uma obra musical?

Questão que ponho após a leitura da "Errata" de George Steiner, onde o autor nega esta possibilidade e defende a completa inutilidade da crítica musical.

Fico à espera de contribuições, neste Dia da Música, para um tema tão...escaldante!

“É impossível refutar, seja através de argumentos lógicos ou substantivos, a asserção de que Mozart era um compositor mediano ou de que Vésperas da Virgem, de Monteverdi, é inferior às baladas de Madona.”

George Steiner, Errata, Seis