sábado, 8 de outubro de 2016

Outro CD-maravilha: O Triplo de Beethoven por Antonini com a Orq. de Basileia.


Saiu em 2015 e é uma daquelas revelações que dão a ouvir uma obra como nunca antes: O Triplo Concerto op. 56 para violino, violoncelo e piano de Beethoven, interpretado pela Orquestra de Câmara de Basileia dirigida por Giovani Antonini, com Sol Gabetta, Giuliano Carmignola e Dejan Lazic.


Talvez seja uma versão muito "latina", mediterrânica, com o colorido do sul da Europa; dois intérpretes são italianos e Gabetta é argentina, latina também... o som do violoncelo Guadagnini (1759) e do violino Stradivarius (1732) é luxuoso e garante duetos belíssimos.

Quem é incondicional das clássicas interpretações germânicas poderá reagir mal; Antonini vai mesmo muito mais longe que Harnoncourt, destaca os metais e sopros, reforça os contrastes dinâmicos e usa uma agógica próxima dos históricos do barroco - ao ponto de o violino soar algo seco e agreste; mas as estrelas são a orquestra e a direcção, vibrante, com sonoridade inédita de acutilância e precisão. O resultado é tudo menos aborrecido: excitante, muito vivo, límpido de som e despojado do "pathos" Goethiano. Pode até ser uma traiçãozita a Beethoven, mas é um gosto de audição, a grande distância dos pesados melodramas orquestrais à maneira de Karajan ou Klemperer. No mínimo uma saudável variante, mas para mim passa a ser a nova referência, goste a Gramophone ou não. A alternativa favorita mantém-se: é a gravação do Beaux Arts Trio com Kurt Masur e a Gewandhaus (1992).

Em complemento, há três aberturas, nem todas idealmente conseguidas - aqui Harnoncourt continua lá no topo com o fabuloso CD de aberturas*.

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À falta de melhor, deixo aqui um decente registo 'live' (nada que se compare ao CD de Antonini !)  com Anne-Sophie Mutter, Lynn Harrell e André Previn, a London Phil dirigida por Kurt Masur, no 2º andamento.




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* Com a COE para a Teldec, 2009.

1 comentário:

Gi disse...

A ouvir (hoje, finalmente) no Spotify.