segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Finis Annus Primus

Um ano, que é um ano, um efémero nada, um breve marco na autoestrada.

Nem assim julgava cumpri-lo. Muitos ficam pelo caminho, temi ser um deles.

"O Livro de Areia" tem um ano de vida. Saiu-me do pêlo, tenho gosto nele, venha o Ano II.

Programação Out-Dez 09

A minha modesta temporada de concertos até final de 2009

11/10 - Diana Krall, Pavilhão Rosa Mota

Na Casa da Música:

28/10 - M. J. Pires e P. Gomziakov, pn, obras de Beethoven

7/11 – Orquestra Barroca CM,
Daniel Sepec violino e direcção musica, Andreas Staier pianoforte - Joseph Haydn,
Yves Abel direcção musical , Mozart e Haydn

14/11 - Academy of Ancient Music
Richard Egarr direcção musical Carolyn Sampson soprano
Henry Purcell
Georg F. Haendel


15/11 - Akademie Fur Alte Musik Berlin
Henry Purcell
Georg F. Haendel


5/12 – ONP, Christoph König direcção musical
Joseph Haydn
Arvo Pärt


O mês de Setembro é a todos os títulos um desconsolo...

sábado, 29 de agosto de 2009

Mahler por Abbado no ARTE - magnífico!


Claudio Abbado e Magdalena Kozená interpretaram Mahler, do Festival de Lucerna de 2009, em transmissão no ARTE: a Sinfonia nº 4 , na sala do KKL de Lucerna, uma das mais belas e mais acusticamente perfeitas do mundo.

A alegria celestial transbordou! Mágica direcção de Abbado, que com mãos divinas e visível mas contida emoção dirigiu preciosamente uma interpretação perfeita, com os famosos glissandos puxados ao limite, os contrastes dinâmicos magníficos, uma sonoridade orquestral de um luxo inacreditável.

Kozená cumpriu - longe de ser tão magnífica, foi, com o seu timbre desenxabido e os seus agudos pouco límpidos, apenas competente; melhor na canção final sobre os manjares do céu: aqui basta ser mezzo, esteve bem.

É também incrível a qualidade com que cada vez mais se ouvem e vêem concertos teledifundidos. Neste, a filmagem estava perfeita, viam-se todas as secções da orquestra no momento en que entravam.

O Festival de Lucerna continua em alta: hei-de lá voltar, espero.

Curiosidade: o maestro Simon Rattle era um dos mais entusiastas na assistência!

Uf que calor !

De volta e em casa a fugir à soalheira, aqui fica a promessa de alguns próximos posts:

- pateada ao ensaio sobre música de George Steiner em Errata ( e eu que costumo gostar de tudo o que ele escreve !)

- a aventura ártica da descoberta da Passagem do Nordeste (sim , não é a do Noroeste!)

- programa dos concertos para o último trimestre



Especial para o Paulo do Valkirio, e mais quem goste, este close-up galego:


Aguarelas da Galiza

de Andrés Meixide











domingo, 23 de agosto de 2009

Segundo Intermezzo

Vou mais uns dias sem laptop, algures por aí, a mudar de cenário.

Espero vir a tempo do meu 1º aniversário, coisa menor mas ainda assim gioiosa, e da rentrée...

Belíssimo fim-do-mês, caros bloguistas,


Mário

Anadyr, capital do Chukotka

Mundo diferente

Só o nome já faz sonhar - será uma das cidades lendárias de Borges ? invisíveis de Calvino ? um título de ficção científica ? um medicamento para a dor ?

Não: pode ser lá no fim do mundo, Anadyr, mas é uma cidade bem real; situada no extremo mais a nordeste da Rússia, parte ainda da Sibéria, numa região vulcânica de montanhas e tundra a Norte da linha ártica de árvores (o Chukotka), foi durante décadas de miserável isolamento e abandono, de Gulag e industrialização absurda e anacrónica, de construção de blocos horrendos com 5 andares em caixote da era Khrushchev, uma das regiões mais depauperadas e deprimidas da Rússia, um ghetto onde era um inferno chegar - estradas esburacadas, voos irregulares e inseguros - e viver. Em resumo, um bom cenário para o "Stalker" de Tarkovsky. A cidade próxima de Provideniya ainda é dessa era horrendo testemunho.

Novo aeroporto.

Finalmente chegou a sua hora - chamou a atenção de planeadores e homens de negócio ( o tal Abramovitch) e desde 2001 a capital Anadyr tem vindo a ser reconstruída, coloridamente repintada e renovada com novos edfícios de arquitectura arrojada e/ou polémica mas inegavelmente "alegres", avenidas com espaços verdes; aeroporto novo, porto marítimo recuperado e modernizado, até parece outro país.




Zona comercial e hotel

Um dos mais espantosos é a nova catedral ortodoxa da Santa Trindade.

Centro cultural e Museu

Nas lojas podem encontrar-se esculturas em marfim de baleia ou morsa, que são o principal artesanato do povo Esquimó do Chukotka.

Zona de lazer: o estuário do rio Anadyr

Do outro lado do Alasca, através do mar de Bering, é a contraparte russa da cidade de Nome, com que tem frequentes ligações e contactos culturais.

Anadyr, a 64°44′N 177°31′E, tem uma população de 18 000, incluindo as etnias locais Chukchi e Inuit.

Situada na foz do grande rio Anadyr, riquíssimo em salmão, é a cidade mais oriental da Ásia e mesmo da Eurásia, e porto importante do Golfo de Anadyr.


O Povo Chukchi

Os nativos do Chukotka são nómadas, tradicionalmente caçadores de baleia, foca, morsa e raposa, e pastores de manadas de renas. Ao que parece, são os antepassados dos Índios da América !

Na sua mitologia têem grande respeito pelos ursos polares, que consideram como humanos.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

A boa música baixa o colesterol !!!

Parece "silly season", mas não: um estudo de uma equipa médica coordenada por Michael Miller, director do Center for Preventive Cardiology da Universidade do Maryland, descobriu que o diâmetro dos vasos sanguíneos se dilatava 26% em voluntários que ouviam música "agradável". Segundo Miller, a música clássica faz libertar ácido nítrico no corpo do ouvinte, reduzindo os coágulos e o LDL, o colesterol relacionado com ataques cardíacos.


“O efeito na corrente sanguínea dura apenas alguns segundos, mas o efeito cumulativo da audição diária de 30m de música que dá bem estar é duradouro em todas as idades."

Miller também alerta para que "ouvir música stressante, que para a maioria dos voluntários incluia heavy metal e rap, pode encolher os vasos sanguíneos 6%" - o efeito equivalente a comer um enorme hamburguer!

Daí o aviso: os pais devem evitar ouvir a música dos filhos teenagers se ela os irrita - pois terá o mesmo efeito que ser fumador passivo!

Estudo publicado no The Times aqui. Também citado no Nouvel Observateur aqui.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Vos soirées d’été: Outra magnífica tarde de rádio clássica


Na Radio Classique FM
Vos soirées d’été

Exemplo :
Emission du : Jeudi 20 Août 2009

19h30
Mozart Wolfgang Amadeus
Sonate pour piano n° 10 : allegretto final
19h37
Strauss Richard
Quatre derniers Lieder : "Im Abendrot" (Au soleil couchant)
19h44
Beethoven Ludwig van
Quatuor à cordes n° 7 : dernier mouvement
19h52
Ravel Maurice
Concerto pour piano en Sol : 2e mvt "Adagio assaï"
20h00
Auric Georges
Moulin Rouge - suite de la musique du film de John Huston
20h03
Dohnanyi Ernö (von)
Quintette pour piano et cordes n° 1 : 1er mvt
20h10
Beethoven Ludwig van
Symphonie n° 6 "Pastorale" : 2e mvt "Scène Au bord du ruisseau"
20h20
Britten Benjamin
Simple symphony : Playful pizzicato
20h24
Mozart Wolfgang Amadeus
Concerto pour piano & orch. n° 23 : 2e mvt "Adagio"
20h31
Verdi Giuseppe
Quatuor à cordes : 1er mouvement
20h39
Berlioz Hector
Ouverture : Le Carnaval Romain
20h47
Debussy Claude
Children's Corner : Golliwog's Cake-Walk
20h49
Mahler Gustav
Symphonie n° 4 : finale (avec Lied)

Marte na noite das Perseidas

(clicar)

Pode dar vontade de rir, mas é o melhor que consegui na noite das estrelas cadentes: uma foto de Marte "grandinho", mas não como uma segunda Lua como por aí se anuncia (peta).

À vista, era mais alaranjado.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Contos e Lendas do Norte - V


O Corvo traz a Luz

Há muito tempo, quando o mundo nasceu, fazia sempre noite no Norte onde os Inuit vivem. Pensavam que fazia noite em todo o mundo até que um velho Corvo lhes falou da Luz do Dia e de que a tinha visto nas suas longas viagens. Quanto mais ouviam sobre a Luz do Dia e como era linda, mais as pessoas a desejavam.

“Podíamos caçar mais longe e durante mais tempo”, diziam. “Podíamos ver os ursos polares e fugir antes que nos ataquem”. E suplicaram ao corvo que lhes fosse buscar Luz do Dia, mas ele não queria. “ É longe e estou velho para tão grande viagem”. Mas tanto insistiram que ele acabou por aceitar.

Bateu as asas e lançou-se no escuridão do céu, para Leste. Voou até as asas se cansarem. Estava quase a fazer meia volta quando viu uma ténue claridade ao longe. “Finalmente, luz do dia”. Aos poucos a claridade foi-se tornando mais intensa até todo o céu se iluminar e se poder ver o mundo a toda a volta, e ver longe, muito longe. A luz do dia irrompeu com toda o seu brilho e glória.

As infinitas tonalidades de cor e a variedade de formas maravilhavam os seus olhos de espanto. Até que, exausto, pousou numa árvore perto de uma aldeia, para descansar. Por cima, o céu azul sem fim, as nuvens fofas e brancas...

Fazia muito frio. Quando finalmente baixou os olhos, viu, num rio próximo, a filha do chefe da aldeia que enchia o balde na água gélida e já se preparva para regressar. O Corvo transformou-se num grão de poeira e, quando ela passava sob a árvore, deixou-se cair no seu casaco de pele.

De volta à casa de gelo do pai, levou-o com ela. Dentro havia luz e calor. O Corvo observou e viu umas caixas que luziam num canto da casa. A rapariga tirou o casaco e o grão de poeira foi pairando até ao neto do Chefe, que brincava no chão. Flutuou até à orelha do menino, que começou a chorar.

“Que se passa? Porque choras?” perguntou o chefe, sentado junto à fogueira. “ Diz-lhe que queres brincar com uma bola de Luz”, sussurrou a poeira na ouvido. O chefe queria ver o neto favorito contente, por isso pediu à filha que lhe fosse buscar a caixa de bolas de Luz. Quando lha entregou, o chefe abriu e escolheu uma pequena bola, enrolou uma corda nela e deu-a ao neto, que riu de contente, balouçando a bola de Luz e Côr pendurada na corda. O grão de poeira voltou a fazer cócegas na orelha do menino, fazendo-o chorar.

“Então, que foi? ” perguntou o chefe. “Diz-lhe que queres ir brincar lá para fora”, sussurrou o Corvo. Assim fez, e foram para fora brincar na neve. Mas assim que saíram, o grão de poeira retomou a forma de Corvo; mergulhou em voo para a mão da criança e tirou-lhe com as garras a bola de Luz, agarrando-a pela corda, e voou para Oeste, com a bola pendurada atrás.

Quando chegou à terra Inuit, as pessoas viram chegar uma Luz no céu escuro e vieram todas para fora, em alarido; o Corvo largou a corda, a bola caiu ao chão e partiu-se em estilhaços. A Luz escapou-se, inundou todas as casas e no céu escuro fez-se um dia luminoso.

As pessoas olhavam admiradas: “Podemos ver tudo à volta! E olhem como o céu está azul, e as montanhas escuras agora brilham, lá ao longe”. Agradeceram ao Corvo, que avisou: “ Só pude trazer uma bola de Luz pequena, que precisa de ganhar forças de vez em quando. Por isso só terão dia metade do ano!”.

E assim no Norte há luz do dia em metade do ano, noite na outra metade. E é preciso tratar bem o Corvo, não vá ele levar a bola embora...


Nota; o Corvo é para os povos do ártico um animal com atributos sobrehumanos, meio deus meio homem.(tradicional Inuit; tradução do inglês minha)

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Água: Finalmente, um disco de boa música portuguesa

Carlos Martins, 'Água', finais de 2008.

"Sou um escritor de melodias e ambientes(...)Como disse o Paul Auster, tento apenas que tudo isto, dentro de mim, construa rimas".

Martins segue modelos de Duke Ellington ou John Coltrane. Composições onde ritmo e compassos inesperados procuram alguma criatividade dentro da norma tonal, improvisos de base melódica, nada de free jazz.

Destaco os temas “O princípio” , “Meados de Maio”.

Carlos Martins- Saxofone Tenor
Alexandre Frazão- Bateria
André Fernandes – Guitarra
Nelson Cascais- Contrabaixo e Baixo Eléctrico
Bernardo Sassetti- Piano e Fender Rhodes
Júlio Resende – Piano

Carlos Martins - Azul Mediterrâneo




entrevista




CD JAZZ NACIONAL DO ANO 2008
(painel de críticos)

1.º Carlos Martins – Água
...
5.º Marta Hugon - Story Teller

Recordo que já no início deste blog postei aqui sobre Story Teller de Marta Hugon, outra boa surpresa que raramente se ouve na rádio.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Irritações e poluições

Tenho fases assim de misantropia, em que o inferno são realmente os outros.

Irritação #1: poluição linguística.
ex: "Dizia eu de que, porventura, não me lembro nunca de espectáculo tão incontornável".

Irritação#2: poluição hertziana.
10 minutos de qualquer estação de rádio. Anúncios gritados, coisas horrendas cantadas em português repetidas à exaustão - é o que deu a lei da rádio que estabeleceu as malditas quotas.

Irritação#3: poluição sonora.
Buzinadelas e motos de escape aberto. Buzina-se por tudo e por nada, e as ditas "alternativas" e "amigas do ambiente" motas de grande cilindrada andam por aí , noite ou dia, numa restolhada exibicionista.

Irritação#4: poluição gastronómica.
Agora tudo leva folhas de alface (murchas), tudo leva fiapos de cenoura crua, ou pior ainda bróculo mal cozido em vapor. Intragável, e às vezes caro.

Irritação#5: poluição visual
Painéis publicitários em camiões de caixa aberta. Escolhem sempre cenários agradáveis ou bons locais de estacionamento para ficar de pousio uns 15 dias ou mais.



Irritação #6: poluição ciclista.
Bicicletas a alta velocidade nas suas pistas, mas sem respeito por peões, carrinhos de bébé, patinadores, casais de idosos - zigzageuiam em sprint e dão origem a valentes sustos, senão pior. Quem quiser que se amanhe.

Irritação #7: este blog, e o Mário.
Anda falho de imaginação, um chato, já teve melhores dias; qualquer dia deixo de o seguir :))

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Noite de verão, Chuva de meteoros

Está quase. A partir das 17h , na constelação das Perseu, a anual chuva de "estrelas cadentes", poeiras deixadas pelo cometa Swift-Tuttle; ao entrar na atmosfera terrestre, a 59 quilómetros por segundo, os grãos de poeira desintegram-se num fogacho de partículas.


A something in a summer’s noon —
A depth — an Azure — a perfume —
Transcending ecstasy.

And still within a summer’s night
A something so transporting bright
I clap my hands to see —

Emily Dickinson

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Ano Haydn III - um lied escocês

Uma bela canção de 1794(5), que Haydn compôs depois da visita ao Reino Unido, para tenor (ou soprano), aqui em versão de contra-tenor.
A canção insere-se no contexto da melancolia em voga no sec. XVIII, contrapondo prazer e sofrimento, luz e sombra.

J. Haydn, Recollection, Hob. XXVIa no. 26.
Andreas Scholl com Markus Märkl , piano


The season comes when first we met,
But you return no more.
Why cannot I the days forget,
Which time can ne'er restore?
O days too fair, too bright to last,
Are you indeed forever past?

The fleeting shadows of delight
In memory I trace;
In fancy stop their rapid flight
And all the past replace.
But ah! I wake to endless woes,
And tears the fading visions close.


Anne Hume (1742-1821)

domingo, 9 de agosto de 2009

Silly Season II , c/ Pavarotti

"Stop whatever it is we are doing and devote our attention to eating" - Luciano Pavarotti

Não resisto a uma indecente citação do Blog Intermezzo, no post pasta a la Pavarotti, onde se mostra a habilidade culinária de Pavarotti. Vale a pena copiar a receita. E como faz lembrar o epicurista Rossini, também devoto da boa mesa !

Ainda sonho com os bifes das vaquinhas dos Açores...

Prometo que não haverá Silly Season III.

sábado, 8 de agosto de 2009

Silly Season


Não, não é uma nova versão do milagre bíblico. O homem simplesmente colocou a bicicleta sobre uma tábua semelhante às "gaivotas" accionadas a pedal.

E, em gozo, aposto que ultrapassa os ricaços dos super-iates de Saint Tropez.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

À sombra do Tulipeiro

Por um convite amigo, almocei esta semana, em bela tarde ensolarada, num jardim frondoso, sob um tulipeiro com uns 20 a 30 anos que irradiava os seus ramos mais baixos pouco acima das nossas cabeças. Que magnífica árvore! Uma obra prima da Natureza, que me lembrou o famoso tulipeiro da Casa das Artes, no Porto, monumental e mais idoso.

Escrevia Poe num seu estranho (claro!) conto sobre insectos, The Gold-Bug:

"an enormously tall tulip-tree, which stood, with some eight or ten oaks, upon the level, and far surpassed them all, and all other trees which I had then ever seen, in the beauty of its foliage and form, in the wide spread of its branches, and in the general majesty of its appearance".

Não podia ser melhor descrita a árvore que me abrigou do sol.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Um CD para o verão: John Marsh, compositor inglês

Quem conhece John Marsh ?

John Marsh, contemporâneo de Haydn e Mozart (1752-1828), é um quase desconhecido compositor inglês, o que é ainda mais estranho quando se trata do mais prolifico - 350 obras, das quais 39 sinfonias ! Infelizmente, só as 9 que imprimiu sobrevivem...

Residente em Chichester desde 1787, foi um gentleman com alguma riqueza pessoal, diletante, interessado em astronomia, filosofia, viagens, teatro, negócios e actividades de caridade na comunidade. Escreveu livros e artigos sobre música, geometria, astronomia e religião, mas são os seus diários que mais interesse suscitam – narrações vívidas das suas actividades, da vida provinciana em Chichester, relatos de eventos como os festivais de Handel.

Musicalmente autodidacta, admirador de Haydn, o mais extraordinário nele é a sua versatilidade. Conhecedor da linguagem contrapontistica do barroco , seguiu nas primeiras obra o modelo de J.C.Bach. Mas após a visita de Haydn a Londres e da audição das “London symphonies” tornou-se adepto fervoroso da sinfonia e do quarteto de cordas. A vitalidade rítmica e as breves intervenções melódicas das madeiras são típicas de Haydn. Sabe articular as forças de uma orquestra e até ser criativo nesta matéria.

Claro que a riqueza melódica e harmónica não estão à altura de Haydn e Mozart; a monotonia instala-se muitas vezes e falta invenção nas variações; mas se nada for dito, muitas das suas peças passam por obras desses dois grandes clássicos, tal é a semelhança das sonoridades – Marsh é como um aprendiz menor mas atento e competente.
A mais conhecida das suas obras é a Conversation Symphony em Mi menor, ainda modelada em J.C. Bach, mas escrita para duas orquestras que "conversam": Marsh divide a orquestra em duas partes, agudos contra graves, ligadas ao centro pelo continuo e os timpani, criando um efeito estereofónico curiosamente precursor...

First Orchestra:
Violino Primo
Violino Secondo
Oboes
Basso
Primo e Fagotto

Second Orchestra:
Viola Prima
Viola Seconda
Corni
Basso Secondo e Contra Basso

Tutti:
Tympani
Violoncello Principale e Cembalo


Outra sinfonia inventiva, de elegantes melodias, é a "La Chasse", embora revele frequentemente o amadorismo do autor em passagens harmonicamente fracas e repetitivas.

Pessoalmente, agrada-me particularmente este festivo quarteto de cordas à la Haydn:

John Marsh - String Quartet for Two Violins, Tenor and Bass, 1784
The Salomon Quartet, Simon Standage

I Presto



II minuetto



III Largo



IV Minuetto



V Presto



J. Marsh - Symphony No. 7 in E-flat Major "La Chasse":

III. Allegro
London Mozart Players Matthias Bamert




J. Marsh - A Conversation Symphony, for Two orchestras:
I. Allegro maestoso
The Chichester Concert, dir. Ian Graham-Jones



Estas última gravação é fraquinha, recomendo antes a seguinte:

John Marsh: Symphonies
Matthias Bamert (Conductor), London Mozart Players
Chandos


Para o quarteto:

Quartet in 18th-century England
Salomon Quartet

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Açores II: Pequenas fotos de viagem

1. A calçada de pedra de basalto, belos motivos geométricos




2. Os calceteiros
3. Mais motivos geométricos em mansardas e varandas
4. A Tabacaria Açoreana
5. A incrível "Especial" da Melo Abreu !
6. As Lagoas


6. As Furnas
7. Jardim "Terra Nostra"
8. Ambiente tropical no Parque Natural de Ribeira dos Caldeirões
9. Miradouro a Nordeste9. Plantação de chá com vista de mar
10. Pastagens, cercas, hortênsias



11. Cena no porto de pesca da Caloura, um dos mais bonitos
11- Teatro Micaelense e Quarteto Lacerda
12. Portal